Este blog foi feito com o intuito de expor poemas, explicar sobre goticismo, vampirismo entre outros a fim de ajudar a todos nós praticantes e interessados sobre o assunto.

sábado, 6 de outubro de 2012


 
 
É fácil aceitar o que acha mais fácil...
E depois usar a desculpa de que foi melhor assim!
É fácil dizer que vai ser melhor pra nós dois...
E depois usar a desculpa que foi melhor assim!

Eu preferi outro caminho...
...

Preferi lutar ate meu sangue acabar...
Preferi dar mais que tinha, mesmo fazendo errado...
Preferi errar e errar e errar de novo...
Preferi tentar, só tentar, ser dono do meu destino...

Sei que estou mais perdido que você, e não sei se tenho mais a ensinar.
Ou se sou mais sábio ou mais imaturo que você...

Só sei que não aceito o mundo como ele é...
Só sei que nunca vou aceitar o destino que esta pra vim pra mim...
Só sei que vou tentar muda-lo...

Só não sei até onde vou ter forças!

Só sei que dói só de respirar ! ! ! ! !
Pois cada respiração me faz viver ! ! ! !
E cada vez que vivo, só penso em você ! ! !
E cada vez que penso em você eu morro um pouco ! !
E cada vez que morro um pouco eu respiro menos !

Poema: Luan Neuro

Ismália

 
 
 
Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
...

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

(Alphonsus de Guimaraens)

Saudações a Todos ...

Resolvi retomar minhas "coisas" , desculpe-me por ter deixado vocês por tanto tempo, mas foi necessário... Agora que tal retomarmos com Tudo ???

Vamos Preciso de Vocês Nobres Almas ...

domingo, 15 de julho de 2012

Gerlly Astaroth



Vampira

Me cubra com meu sangue,
que brota de meu ventre nu,
me rasgue, me dilacere ,
eu quero sentir a morte,
adentrando por minhas entranhas...

Eu quero ver o sangue cair,
e você meu vampiro,
sorvendo do meu liquido, seu alimento.

Eu quero ser sua esta noite...
Eu quero ser sua todas as noites,
faça o que achar melhor ,
me mate se quiser, mas não me deixe viver
nesta amarga vida, onde tudo que almejo é morrer.

Me leve ao mais profundo abismo ,
onde jamais adentrei,mas me salve de toda essa dor,
a dor do amor, que me mata a cada dia
cravando um punhal em meu peito.
Me mate sem piedade, me dilacere com suas presas.

Isto é tudo que preciso neste momento.
Morrer por amor me parece digno,
então me leve sem rodeios, para longe deste lugar.
Para onde jamais o amor poderá voltar a reinar...

Gerlly Astaroth

Leni Martins




Amor e Ódio

Eu te amo com todo ódio que te tenho!

Amo com o mais suave dos venenos

Com o mais doce sentimento!

Com a dor mais profunda de alguém

Que chora em silêncio.



Eu te amo...

Com todo ódio que tenho!

Amo como a fragilidade de uma flor

Amo como a força de um guerreiro.



Eu te amo...

E te odeio...

Com todos os sentimentos...

Como a tempestade que passa,

Como o assobio de um leve vento.



Eu te odeio,

Porque amo demais

Este amor que te tenho!
 

Leni Martins

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Alvarez De Azevedo

Alvarez De Azevedo





Lágrimas da vida

Se tu souberas que lembrança amarga
Que pensamento desflorou meus dias,
Oh! tu não creras meu sorrir leviano,
Nem minhas insensatas alegrias!
Quando junto de ti eu sinto, às vezes,
Em doce enleio desvairar-me o siso,
Nos meus olhos incertos sinto lágrimas...
Mas da lágrima em troco eu temo um riso!
O meu peito era um templo - ergui nas aras
Tua imagem que a sombra perfumava...
Mas ah! emurcheceste as minhas flores!
Apagaste a ilusão que o aviventava!
E por te amar, por teu desdém, perdi-me...
Tresnoitei-me nas orgias macilento,
Brindei blasfemo ao vício e da minh'alma
Tentei me suicidar no esquecimento!
Como um corcel abate-se na sombra,
A minha crença agoniza e desespera...
O peito e lira se estalaram juntos...
E morro sem ter tido primavera!
Como o perfume de uma flor aberta
Da manhã entre as nuvens se mistura,
A minh'alma podia em teus amores
Como um anjo de Deus sonhar ventura!
Não peço o teu amor... eu quero apenas
A flor que beijas para a ter no seio...
E teus cabelos respirar medroso...
E a teus joelhos suspirar d'enleio!
E quando eu durmo... e o coração ainda
Procura na ilusão tua lembrança,
Anjo da vida passa nos meus sonhos
E meus lábios orvalha d'esperança!




Lágrimas de sangue

Ao pé das aras no clarão dos círios
Eu te devera consagrar meus dias;
Perdão, meu Deus! perdão
Se neguei meu Senhor nos meus delírios
E um canto de enganosas melodias
Levou meu coração!
Só tu, só tu podias o meu peito
Fartar de imenso amor e luz infinda
E uma Saudade calma;
Ao sol de tua fé doirar meu leito
E de fulgores inundar ainda
A aurora na minh'alma.
Pela treva do espírito lancei-me,
Das esperanças suicidei-me rindo...
Sufoquei-as sem dó.
No vale dos cadáveres sentei-me
E minhas flores semeei sorrindo
Dos túmulos no pó.
Indolente Vestal, deixei no templo
A pira se apagar - na noite escura
O meu gênio descreu.
Voltei-me para a vida... só contemplo
A cinza da ilusão que ali murmura:
Morre! - tudo morreu!
Cinzas, cinzas...
Meu Deus! só tu podias
À alma que se perdeu bradar de novo:
Ressurge-te ao amor!
Malicento, da minhas agonias
Eu deixaria as multidões do povo
Para amar o Senhor!
Do leito aonde o vício acalentou-me
O meu primeiro amor fugiu chorando.
Pobre virgem de Deus!
Um vendaval sem norte arrebatou-me,
Acordei-me na treva... profanando
Os puros sonhos meus!
Oh! se eu pudesse amar!... - É impossível!
Mão fatal escreveu na minha vida;
A dor me envelheceu.
O desespero pálido, impassível
Agoirou minha aurora entristecida,
De meu astro descreu.
Oh! se eu pudesse amar!
Mas não: agora
Que a dor emurcheceu meus breves dias,
Quero na cruz sangrenta
Derramá-los na lágrima que implora,
Que mendiga perdão pela agonia
Da noite lutulenta!
Quero na solidão - nas ermas grutas
A tua sombra procurar chorando
Com meu olhar incerto:
As pálpebras doridas nunca enxutas
Queimarei... teus fantasmas invocando
No vento do deserto.
De meus dias a lâmpada se apaga:
Roeram meu viver mortais venenos;
Curvo-me ao vento forte.
Teu fúnebre clarão que a noite alaga,
Como a estrela oriental me guie ao menos
Té o vale da morte!
No mar dos vivos o cadáver bóia -
A lua é descorada como um crânio,
Este sol não reluz:
Quando na morte a pálpebra se engóia,
O anjo se acorda em nós - e subitâneo
Voa ao mundo da luz!
Do val de Josafá pelas gargantas
Uiva na treva o temporal sem norte
E os fantasmas murmuram...
Irei deitar-me nessas trevas santas,
Banhar-me na frieza lustral da morte
Onde as almas se apuram!
Mordendo as clinas do corcel da sombra,
Sufocando, arquejante passarei
Na noite do infinito.
Ouvirei essa voz que a treva assombra,
Dos lábios de minh'alma entornarei
O meu cântico aflito!
Flores cheias de aroma e de alegria,
Por que na primavera abrir cheirosas
E orvalhar-vos abrindo?
As torrentes da morte vêm sombrias,
Hão de amanhã nas águas tenebrosas
Vos rebentar bramindo.
Morrer! morrer!
É voz das sepulturas!
Como a lua nas salas festivais
A morte em nós se estampa!
E os pobres sonhadores de venturas
Roxeiam amanhã nos funerais
E vão rolar na campa!
Que vale a glória, a saudação que enleva
Dos hinos triunfais na ardente nota,
E as turbas devaneia?
Tudo isso é vão, e cala-se na treva -
Tudo é vão, como em lábios de idiota
Cantiga sem idéia.
Que importa? quando a morte se descarna,
A esperança do céu flutua e brilha
Do túmulo no leito:
O sepulcro é o ventre onde se encama
Um verbo divinal que Deus perfilha
E abisma no seu peito!
Não chorem! que essa lágrima profunda
Ao cadáver sem luz não dá conforto...
Não o acorda um momento!
Quando a treva medonha o peito inunda,
Derrama-se nas pálpebras do morto
Luar de esquecimento!
Caminha no deserto a caravana,
Numa noite sem lua arqueja e chora...
O termo... é um sigilo!
O meu peito cansou da vida insana;
Da cruz à sombra, junto aos meus, agora
Eu dormirei tranqüilo!
Dorme ali muito amor... muitas amantes,
Donzelas puras que eu sonhei chorando
E vi adormecer.
Ouço da terra cânticos errantes,
E as almas saudosas suspirando,
Que falam em morrer...
Aqui dormem sagradas esperanças,
Almas sublimes que o amor erguia...
E gelaram tão cedo!
Meu pobre sonhador! aí descansas,
Coração que a existência consumia
E roeu um segredo! ...
Quando o trovão romper as sepulturas,
Os crânios confundidos acordando
No lodo tremerão.
No lodo pelas tênebras impuras
Os ossos estalados tiritando
Dos vales surgirão!
Como rugindo a chama encarcerada
Dos negros flancos do vulcão rebenta
Gotejando nos céus,
Entre nuvem ardente e trovejada
Minh'alma se erguerá, fria, sangrenta,
Ao trono de meu Deus...
Perdoa, meu Senhor!
O errante crente
Nos desesperos em que a mente abrasas
Não o arrojes p'lo crime!
Se eu fui um anjo que descreu demente
E no oceano do mal rompeu as asas,
Perdão! arrependi-me!



Minha desgraça



Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco....
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro....
Eu sei.... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro....
Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema,
E' ter para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.

O ABUTRE

O ABUTRE





(HUMBERTO DE CAMPOS)





ERA UM ABUTRE QUE ME DAVA GRANDES BICADAS NOS PÉS. Já havia dilacerado sapatos e meias, e as bicadas iam penetrando na minha carne. De vez em quando, agitado, o abutre esvoaçava em volta de mim e logo retomava sua faina.


Um homem passava pelo local e ficou observando a cena por alguns momentos: em seguida me perguntou como podia eu suportar aquele abutre.

Acontece que estou sem defesa – respondi – Ele apareceu e me atacou. Claro que tentei lutar, tentei mesmo estrangula – lo,mas o bicho é muito forte, um bicho desse quilate! Ele ia ate mesmo me atacando o rosto, por isso achei melhor sacrificar meus pés. Como pode ver, meus pés estão quase em frangalhos.

- Mas como pode se deixar torturar dessa maneira! – disse o homem.

- Bastaria um tiro e pronto!

- Acha mesmo? – disse eu – O senhor gostaria de disparar um tiro?

- Claro – disse o homem – É só ir ate a minha casa e apanhar a espingarda. Consegue agüentar ai mais meia hora?

- Não sei lhe responder – falei.

Mas ao sentir uma dor lancinante, acrescentei:

- De qualquer maneira, vá logo, estou lhe pedindo.

- Bem - disse o homem. – Vou o mais rápido possível.

O abutre escutara a conversa tranquilamente. Vi que entendera tudo. Ele ergueu – se em um bater de assas e em seguida, empinando-se para ganhar equilíbrio, como um lançador de dardos, enfiou – me o bico boca a dentro ate o mais profundo do meu ser. Ao cair, com que alivio senti que o abutre se engolfava impiedosamente nos abismos infinitos do meu sangue.

terça-feira, 17 de abril de 2012






Quero ser a noite

Já não me basta este corpo de carne
E já me doem lembranças desta vida
Eu quero ser a noite, em todo seu esplendor
Quero ser o céu escuro que te cobre nas noites sem lua
Já não me basta esta beleza limitada
Essas paixões de memórias
Este corpo de vida curta
Não quero ser lembrada
Não quero ser esquecida
Não quero estar aqui
Eu quero ser
Apenas ser
E sempre ser
Eu quero que me sintas, me toques, me vejas
E eu não estarei lá
Não quero estar ao teu lado para que apenas assim penses
em mim
Eu
quero ser a noite, em todo seu esplendor
A noite de beleza eterna
Quero ser a brisa que te toca todas as manhãs
Que te traz noticias de além mar
Eu quero ser o manto negro que te cobre ao final de todas as tardes
Eu quero ser a noite
Quero ser para sempre


poesia de autoria de Ana Luiza da Silva Garcia
tal como foi escrita.

Poesia do silêncio

 

Poesia do silêncio
Nestas horas mortas que a noite cria, entre um e outro verso do pavoroso poema, que sob a pálida luz de uma vela eu lia, me chegavam antigas lembranças de um dilema.
Quanto amargo e dissabor o silêncio produz! Entre as sombras vacilantes da noite, chegam em formas indefinidas, que sobre minha cabeça pairam, aves e outras criaturas aladas que de infernal recônditos alçam vôo até minha mente, a perturbar minh’alma.
Essas formas indefinidas das sombras criadas pelo medo, ocupando o vazio do meu ser, preenchendo o que antes era de sentimentos sublimes e, agora, somente o sentimento de dor. O que antes era alegria, agora é tão somente o dissabor.
Que pena paga um condenado pelos sentimentos! Oh, agonia incessante. Que martírios mais terei que suportar? Como um medo tão latente do desconhecido, pode tanto me apavorar? Será do vazio de minha alma que sinto medo? Ou do esquecimento do meu ser, por outro já amado?
Não é do fim da vida que treme minha alma, mas do fim do sentir-se bem eterno. Não mais existir não é tão doloroso quanto o existir sem ser notado, ou amar sem ser amado, ou perder o que jamais será recuperado.

O FAROL DO FIM DO MUNDO

O FAROL DO FIM DO MUNDO
a ti, senhora, que reencontraste o lar

Em uma ilha muito distante, em pleno mar do fim do mundo,
como é conhecido o estreito de Drake, onde o mar é sempre
agitado por tormentas e o vento ríspido e gélido proveniente
das regiões glaciais da Antártida, existiu há muito tempo atrás
um farol numa pequena ilha próxima a terra do fogo.
Aquele farol era o único naquelas paragens desérticas distantes
do resto do mundo. Era a luz daquele farol que em noites
de mar escarpado, trazia aos marinheiros que por ali vagavam,
a esperança de uma chegada segura no estreito, até a saída
do canal onde seguiriam em sua viagem rumoas águas do pacífico.
No farol viveu por muito tempo um faroleiro juntamente com
sua família – sua mulher e um filho de pouco mais de cinco anos.
Anos após anos seguidos em uma rotina imutável, vendo passar
no horizonte distante, os navios
errantes e o mar impiedoso e atroz.
O farol nunca falhava. Tormenta após tormenta ele sempre estava lá,
emitindo sua luz âmbar em todas as direções daquele horizonte sempre
cinzento, encoberto por neblinas densas. Mais anos e anos
se passaram e um dia a mulher do faroleiro, na varanda do farol,
com os olhos voltados em um ponto qualquer do grande mar, enquanto
dormiam seu marido e filho, desceu até a pequena praia que ali havia,
e olhando compenetrada o gigante gelado, tomou-o pelo jardim de sua
casa que quando menina lá morava, e que agora sua mente a trazia de
volta, e no mar entrou, para o jardim voltou e de lá nunca mais saiu.
Seu esposo e filho nunca mais retornaram a vê-la.
Os anos continuaram vindo, lentos e infalíveis.
Até que em certo momento
alguma coisa pareceu ter acontecido.
O tempo era sempre lento, e a vida
no farol era como um quadro pintado, parecia não mudar com o tempo.
Era sempre a mesma imagem, o mesmo retrato. Mas um dia parece que
alguma coisa havia mudado. De repente o garoto cresceu sem se aperceber,
e agora já era adulto. Foi essa mudança que o fez notar o tempo retratado
no corpo do seu velho pai. Estavam lá as marcas de todos os anos de sua
vida no farol. Cada ruga, cada cabelo branco contava um cotidiano de uma
história que ao longo do tempo foi uma só. Dia após dia a mesma história
durante décadas, e agora parecia serem tão notórias essas evidências do
tempo marcada na pele do seu velho pai. Pensava isso certo dia quando
via o velho sentado na varanda do farol, como fazia todos os dias de sua
vida ali. Então o rapaz se apercebeu do seu destino. E sua mente, como
o reflexo da luz do velho farol, se iluminou dentro de sua própria alma, e
pela primeira vez veio um medo interior que o fez sentir-se um ser esquecido.
Vieram velhas lembranças à sua mente: sua mãe, uma rua, uma casa, algumas
outras crianças...
E viveu o rapaz dali em diante com uma tristeza que nunca mais lhe sairia dos
olhos.
Passaram alguns meses e chegou um certo dia em que as provisões acabaram,
e o pequeno barco que todos os meses ali encostava para lhes suprir, havia
uma semana não aparecia. Estavam à mercê do destino. O isolamento era total
e não havia outro transporte senão uma pequena e velha canoa que usavam
para pescar próximo às margens e que há muito não usavam. A sede era a pior
de todas as dores, superando a da fome. O desespero fez com que bebessem
água salina do mar, o que lhes aumentava a desidratação. O pânico se acercava
do pai e do filho, até que no amanhecer de um outro dia, apenas um o sentia
por inteiro com todos os seus terrores. O velho havia morrido.
Sem forças para descer o velho do farol, e enterrá-lo, o rapaz o sentou na
cadeira da varanda como sempre o velho fizera por todos aqueles anos,
e lá o deixou. Desceu vagarosamente a longa escada em espiral, arrastou
a pequena canoa até a margem do mar, subiu e a empurrou até mais fora
da praia e nela deitou-se com os olhos voltados para o céu. Um instante
depois com grande esforço sentou-se e buscou seu olhar pela última vez,
o farol. E lá avistara o velho farol e seu velho pai, sentado como se tivesse
o observando e de algum modo, querendo dizer-lhe algo em um lamentoso
adeus. Então deitou-se novamente. Não havia mais nenhum vestígio de forças
no seu corpo. Entregara-se de vez ao destino infeliz que a vida o premiara.
E assim as correntes o levaram ao mar aberto até sumir como um pontinho
escuro no horizonte.
Depois de muito tempo de existência, naquela noite o farol não acendeu.
Sua luz âmbar nunca mais voltou a iluminar a escuridão das noites daquela
parte do mundo.
E o tempo passou...Décadas e mais décadas, ninguém voltou a por os pés
naquela pequena ilha do estreito de Drake. As ondas do mar cavavam
ano após ano, a base do velho farol. O mar avançara lento, lento.
As pedras de seus alicerces já começavam a aparecer junto com suas ferragens
que a salinidade do mar destruía dia após dia, um após outro a cada vergalhão
da construção. E o tempo passou e passou e o mar avançou e avançou, até que
um dia o velho farol fraquejou sob seu peso e a fúria das intempéries glaciais
e por fim, caiu. E seus escombros até hoje estão lá, sob as ondas do mar gélido
de drake, na terra do fogo.
Um lugar chamado de fim do mundo,
porque ali é a terra que o mundo e o tempo esqueceram.

Roger Silva

sábado, 31 de março de 2012


O Enigma da Vida (the enigma of life)

Sirenia

Ainda
assim fala o silêncio,


em
enigmas em minha mente


E
o tempo continua a passar enquanto eu ando


em
lágrimas nesta existência


Os
sonhos passam em silêncio,


eu
os vejo acenar para mim


Toda
esperança é longa desde que se foi,


acho
que nunca esteve lá afinal


Uma
miragem passou


Eu
sei que a escuridão me romperá


E
você não pode me salvar,


não
pode me pegar na queda


Eu
sinto a tristeza me abraçar,


esta
vida me deprava


Estou
perdido para sempre


Minha
vida escurece ano após ano,


e
ninguém parece realmente se importar


cada
vez mais forte dentro de mim


Não
vai deixar me libertar


Lágrimas
derramadas em silêncio


correm
em rios pelo meu rosto


E
pelo que ainda estou vivendo?


Não
aguento mais esta dor

sexta-feira, 30 de março de 2012



Darei-te beijos eternos nesta nossa partida,
afogarei meus sentimentos em teus lábios,
beberei do teu amor e entregarei-te o meu
que és mais que merecida.

Embora sangre em tua boca,
não me importarei!
Serás sangue de paixão...
De desejos que já tanto procurei.

Beijos sangrentos te darei em noites ou em dias,
nos mais íntimos momentos,
nos mais profundos pensamentos...
Nas mais belas poesias.

Mancharei meu rosto em teu rosto,
não me importarei com mais nada!
Com você somente... Em teu olhar apaixonada!

Beijos sangrentos e darei, sem pedir,
sem negar... Sem temor!
Neste momento e em muitos outros, eternamente,
até morrer-mos de amor!

Poemas de Florbela Espanca

Poemas de Florbela Espanca
Estes são alguns poemas retirados de ''Livro das Mágoas'' da escritora portuguesa Florbela Espanca (1894-1930).








Vaidade


Sonho que sou a Poetisa eleita,
Aquela que diz tudo e tudo sabe,
Que tem a inspiração pura e perfeita,
Que reúne num verso a imensidade!

Sonho que um verso meu tem claridade
Para encher todo o mundo! E que deleita
Mesmo aqueles que morrem de saudade!
Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!

E quando mais no céu eu vou sonhando,
E quando mais no alto ando voando,
Acordo do meu sonho... E não sou nada!...





Eu


Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!





Lágrimas ocultas


Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era q’rida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!





Noite de saudade


A Noite vem poisando devagar
Sobre a Terra, que inunda de amargura...
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura...

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura...
E eu oiço a Noite imensa soluçar!
E eu oiço soluçar a Noite escura!

Por que és assim tão ’scura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó Noite, em ti existe
Uma Saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu sei donde me vem...
Talvez de ti, ó Noite!... Ou de ninguém!...
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!!





Para quê?!


Tudo é vaidade neste mundo vão...
Tudo é tristeza, tudo é pó, é nada!
E mal desponta em nós a madrugada,
Vem logo a noite encher o coração!

Até o amor nos mente, essa canção
Que o nosso peito ri à gargalhada,
Flor que é nascida e logo desfolhada,
Pétalas que se pisam pelo chão!...

Beijos de amor! Pra quê?!... Tristes vaidades!
Sonhos que logo são realidades,
Que nos deixam a alma como morta!

Só neles acredita quem é louca!
Beijos de amor que vão de boca em boca,
Como pobres que vão de porta em porta!...



Já não sei mas o que fazer

só me resta esperar

aguardar por um novo começo

ou um novo fim

só depende de mim...




quinta-feira, 29 de março de 2012

O ATO


Nossos corpos se abraçam,
as mãos se entrelaçam.
Nos olhos o desejo,
nas bocas que se unem
a ânsia dos beijos.
A respiração se entrecorta.
Minhas mãos acariciam seu corpo,
que responde ao meu em busca da posse.
Meus seios, nas suas mãos,
duas taças que transbordam
o vinho do prazer.
Suas mãos, as minhas..
caminham entre nossas pernas,
buscando passagens secretas.
A fenda que umedece, se abre,
recebe o falo ereto
que penetra, mete, arremete,
se inunda de louco prazer...

Minha voz num sussurro,
tenta eliminar seu cansaço...
Sua fronte no meu colo pousa,
serena, em descaso...
Minhas mãos,
Qual plumas,
passeiam ávidas pelo teu corpo...
Minha boca te acaricia
e no mais profundo
do teu ser...
Vem amparar teu gozo.
Sempre e mais, nos debatemos
nesse desejo louco,
que cresce, entumece, alaga e
despe nossas almas
e nos faz feliz, por ora...
Com tal ato.
GOZO

Viro, reviro,
Revido.
Torço
Abraço
Atiro
Me afasto.
Grito
Afago
Aninho.
Me deito
Te agarro
Nos mordemos
Nos amamos.
Num impulso
te expulso.
Me seguras,
Penetras,
Me apertas
Te enlouqueço
Gozamos
“Sonhos são para serem sonhados, pesadelos para serem vividos”
“Vivo no obscuro da solidão.”
“Você é a minha pessoa favorita que eu amo odiar”
“Seu sonho é meu maior pesadelo”
“A solidão é um refugio para quem tem a escuridão na alma.”
“Só confiarei em ti se morrer AGORA por mim!”

Recados



Eu vejo você parada
Parada sozinha
É um lugar solitário para você
Para você estar


Se você precisar de um ombro
Ou se você precisar de um amigo
Eu estarei aqui esperando
Até a amargura passar


Ninguém precisa da tristeza
Ninguém precisa da dor
Eu odeio ver você
Andando aí fora
Aí fora na chuva


Então não me castigue
Ou pense que eu te ofendi
Como aqueles que te levam
E te fazem sofrer


Nunca me deixe
Diga que sempre vai estar aqui
Tudo o que sempre quis
Era para voce Saber
que eu me importo com você...
Tudo Que Vai



Hoje é o dia
E eu quase posso tocar o silêncio
A casa vazia.
Só as coisas que você não quis
Me fazem companhia
Eu fico à vontade com a sua ausência
Eu já me acostumei a esquecer

Tudo que vai
Deixa o gosto, deixa as fotos
Quanto tempo faz
Deixa os dedos, deixa a memória
Eu nem me lembro

Salas e quartos
Somem sem deixar vestígio
Seu rosto em pedaços
Misturado com o que não sobrou
Do que eu sentia
Eu lembro dos filmes que eu nunca vi
Passando sem parar em algum lugar.

Tudo que vai
Deixa o gosto, deixa as fotos
Quanto tempo faz
Deixa os dedos, deixa a memória
Eu nem me lembro mais
Fica o gosto, ficam as fotos
Quanto tempo faz
Ficam os dedos, fica a memória
Eu nem me lembro mais

Quanto tempo, eu já nem sei mais o que é meu
Nem quando, nem onde

Tudo que vai
Deixa o gosto, deixa as fotos
Quanto tempo faz
Deixa os dedos, deixa a memória
Eu nem me lembro mais
Fica o gosto, ficam as fotos
Quanto tempo faz
Ficam os dedos, fica a memória
Eu nem me lembro mais

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

LoVe TeArS


lágrimas
de sal e sangue
marejam
as covas fundas
dos olhos pisados
pelo calvário
de um coração
dilacerado
por uma mortal paixão

duas poças escuras
dois lagos simétricos
siameses

onde a alma ferida
se debruça
e tal qual um Narciso
definha enamorada da própria dor...

 

good night's kiss




não feche a janela do teu quarto esta noite

quando chegar a hora
da virada da madrugada

me farei anjo noturno
de diáfanas asas

te visitarei
meu amado

para deitar-me ao teu lado
novamente em mulher fatal transformada

saciarei sua sede
sua fome de amor
de carinhos e volúpias

em troca de um único
longo eterno
beijo de boa noite...

bloody ink


eu vivo
nas horas mortas
das madrugadas

e faço do sangue alheio
a tinta
para rabiscar meus poemas

sorvendo a vida
vou compondo
minhas rimas raras

antiversos
feitos de trás para frente
num flashback contrário

au bout de la nuit

doces perfumes se misturam

confundindo-se na escuridão


a noite é sonora, olfativa e tátil

lençóis são jardins

e corpos são flores

de odor úmido e quente


mãos jardineiras

semeiam carícias selvagens

e colhem gritos estrangulados

de amor e de prazer

handcrafts

a lua cheia é um bordado pálido
tramado em finíssimos fios
da mais luminosa e argêntea seda

alinhavadas num céu
de veludo azeviche
são as estrelas botões de madrepérola

num corte impecável de alfaiataria
as hábeis mãos do destino
confeccionam a grande capa
que recobre os seres
governantes das noites 

moonlight at moon's night


intersecção de almas
conjunção de olhares

convergindo para uma lua
plena de encantos
tantos

na face polida de prata
_espelho noturno_
te fazes imagem
em meu mundo sombrio

e sei que, mesmo irrefletida sombra,
me faço presente
em tuas horas solitárias

red sky

encarnadas

§ como teu sangue
aspirado
e desejado §

são

as rosas, que não falam

as papoulas, que não cheiram

* teu sangue rubro
que me atiça
enfeitiça
como a capa provocadora
do toureiro na arena *

este teu sangue
que como um céu subitamente
vermelho
se acendesse em estrelas múltiplas
de cristal negro

- cintilando intensas
na noite da minha alma dividida

LUNAÇÃO


NOVILÚNIO I
.negra é a noite com seu lume adormecido
vésper vela o sono
outras estrelas embriagam-se com luz
incrustadas no veludo velho do céu
negras são as vestes dos vampiros
farejando o sangue nosso de cada dia
lauto banquete líquido
da eterna aliança das trevas
negra é a asa do corvo de Poe
nevermore nevermore nevermore
palavras manchas indeléveis
madrugada eterna da alma
negro é o grito que parte de alguma parte
retalho de silêncio seda rasgado a mão
restos dispersos do grito ecoam
agudas notas duma canção sem dó
negro é o gato que cruza a estrada
esguia sombra assustada
fugidias luzes açoitam a senda
interrogando a calada da noite
negra é a magia das bruxas
encantatórias fórmulas secretas
o veneno do saber destilado
o sabor do veneno provado
negra é a noite com seu lume adormecido
vésper vela o sono
outras estrelas embriagam-se com luz
incrustadas no veludo do velho bordel
CRESCENTE
( signo
do andrógino punido
metade do mito platônico
meialua
mea culpa
errância na noite
acima dos pecados e das capitais
quase taça
punhal cigano
fino fio de corte preciso
lunar de São Sepé
rachadura no espelho
(de)talhe no rosto da noite
cicatriz de prata
inteira por ser lua
quarto por ser ciclo
e metade
talvez barca
flutua mansa nas águas celestes
sem barqueiro em seu comando
pe(s)cadora atrás de pérolas
crescente clara
zelosa amante
percorrendo a noite
com sua candeia acesa

PLENILÚNIO

o pequeno luzeiro
que a noite governa
em sua fas/ce plena
blue moon
bitter moon
shy moon
the dark side of the moon
cheia de si
reencontro das metades
abraço pleno de luz
órbita do orgasmo
corpo celeste
hermAfrodite
décima musa
mitos povoam as noites
lendas de lobisomens
medo do desconhecido
transformações
lua louca
feminina
fescenina
fascina

MINGUANTE

) desfeito abraço
continuação de viagem
a parte do todo que parte
cara metade clara
peregrina
por veredas tortas
avança
sem perto sem porto
caminha rota
adentrando-se na densa sombra de si mesma

NOVILÚNIO II

.negra é a noite com seu lume adormecido
vésper vela o sono
outras estrelas embriagam-se com luz
incrustadas no veludo velho do céu
negros são os nossos ancestrais
elo de sangue que nos une
meu povo é o teu povo que é nosso
história nascida antes de nós
negra é a hora da madrugada
onde os desejos apontam caminhos
o f(r)io invisível da noite
tece o abraço contido
negro é o azul do olhar
cimetière céleste dos mistérios
silêncio de tuas muitas vozes
esfinge pronta para devorar
negra é a sombra do teu corpo
projetada sobre o meu
oásis de paz suave pele
águas benvindas compartilhadas
negro é o orgasmo que traga
o corpo frágil com suas vagas
ondas escuras percorrem lentas
os carinhos que tua mão traçou
negra é a noite com seu lume adormecido
vésper vela o sono
outras estrelas embriagam-se com luz
incrustadas no veludo do velho bordel
 

Le vampire mauvais


"Quand, les deux yeux fermés, en un soir chaude d'automne,
je respire l'odeur de ton sein chaleureux..."
(Parfum exotique, Charles Baudelaire)


cendre noir
respirer l'odeur de sang vif
rechercher dans les mots
l'immor(t)alité
soucer l'infinitif du verbe
sans lumière
&
sans prière
accepter le mystère
après la petite mort
renaître des cendres du graphite
comme le phénix
maudit mauvais
semer parmi les fleurs du mal
les fleurs exotiques
de mauve

The Dark of Night

A noite se tece de silêncios

tramados em dobras de nuvens.
Sussuros se dissolvem
em alcovas de veludo negro.



Êxtases e agonias
testemunhados pela lua cheia.

Sangue e paixões se misturam
em taças de cristal partidas.
Beijos fatais, abraços mortais:
corpos sedentos de eternidade.
Sedução e perdições
na cintilância do olhar de punhal.