Este blog foi feito com o intuito de expor poemas, explicar sobre goticismo, vampirismo entre outros a fim de ajudar a todos nós praticantes e interessados sobre o assunto.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O ABUTRE

O ABUTRE





(HUMBERTO DE CAMPOS)





ERA UM ABUTRE QUE ME DAVA GRANDES BICADAS NOS PÉS. Já havia dilacerado sapatos e meias, e as bicadas iam penetrando na minha carne. De vez em quando, agitado, o abutre esvoaçava em volta de mim e logo retomava sua faina.


Um homem passava pelo local e ficou observando a cena por alguns momentos: em seguida me perguntou como podia eu suportar aquele abutre.

Acontece que estou sem defesa – respondi – Ele apareceu e me atacou. Claro que tentei lutar, tentei mesmo estrangula – lo,mas o bicho é muito forte, um bicho desse quilate! Ele ia ate mesmo me atacando o rosto, por isso achei melhor sacrificar meus pés. Como pode ver, meus pés estão quase em frangalhos.

- Mas como pode se deixar torturar dessa maneira! – disse o homem.

- Bastaria um tiro e pronto!

- Acha mesmo? – disse eu – O senhor gostaria de disparar um tiro?

- Claro – disse o homem – É só ir ate a minha casa e apanhar a espingarda. Consegue agüentar ai mais meia hora?

- Não sei lhe responder – falei.

Mas ao sentir uma dor lancinante, acrescentei:

- De qualquer maneira, vá logo, estou lhe pedindo.

- Bem - disse o homem. – Vou o mais rápido possível.

O abutre escutara a conversa tranquilamente. Vi que entendera tudo. Ele ergueu – se em um bater de assas e em seguida, empinando-se para ganhar equilíbrio, como um lançador de dardos, enfiou – me o bico boca a dentro ate o mais profundo do meu ser. Ao cair, com que alivio senti que o abutre se engolfava impiedosamente nos abismos infinitos do meu sangue.

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